Antes do fim

19:22 0 Comments

Se te quisesse por um vão momento,
Para um simplório acalento
Talvez não me entregasse ao desconforto de teu ludíbrio,
Nem a carência do teu ego

Adentro o teu domínio com algum temor
Entre tombos e perigos não se anda de peito aberto,
Nem se dá as costas ao traidor
Campo minado o esquartejo é quase certo!

Mas se escapar do mal que ali assola
Então será o dia!
Mas não sei o que tem depois do campo
Uma mina sempre estoura antes do fim.

E eu? Terei o meu dia?
E eu terei minha alegria?
É só Booommm e Bummmm!
E quando se sorri um pouco mais...
Um Boommm aparece!

Olhar o campo novamente e percorrer tudo de novo!
E lá se vão braços e pernas num só estouro
E não se tem mais nem coração
Apenas há esperança que nenhuma explosão pode arrancar do meu peito!
( B.C.)

Lúdica de um erro

19:19 6 Comments

Olhei, gostei,
pensei, desisti,
pensei,continuei,
temi, alucinei,
sonhei,me enganei
lamentei e chorei.
Perdi a esperança!
Deveria chorar?!
Revi, pensei de novo.
Então, fui confiante!
Decepcionei-me! Então, resolvi não mais tentar.
Apenas esperar!A vida foi passando lentamente.
Depois de um tempo, me perguntei: Pra que esperar?
Foi aí que me perdi de vez e não olhei mais para trás...
Também não olhei para frente. Enxergava o que queria.
Via o que não existia e tropeçava em cada passo que dava.




( Breno Castro)

Apué

09:32 3 Comments

Apoena era caçador, destemido, da tribo dos Quibaanas.
A todos os animais havia caçado e comido,
tinha o dom de saber esperar.

Logo quando criança, aprendeu a lição do pajé da aldeia:
-Na vida sempre se espera o momento certo,
mas o dom da espera é virtude que não se assenhoreia.

Apoena, um dia, saiu a caçar
e na mata encontrou uma grande onça pintada.
Sua beleza deixou-o ansioso,
pulou no animal agarrando seu pescoço.
A onça atacou-o arrancando seu coração com uma patada!

E o índio destemido e caçador, segundos antes de falecer,
encontrou seu momento errado,
olhou nos olhos da onça sem temer,
eles diziam algo que escutara no passado...

Rudá, o deus do amor, às vezes aparecia
[na forma de uma grande onça pintada
e quem não esperava o momento certo,
perecia nos braços dessa fera desalmada.

( Breno Castro)

“Terra do nunca”

16:32 2 Comments

Quando criança queria ser Peter Pan
Voar pelas estrelas
Viajar até a terra do nunca
Ser livre
Mas logo cresci nesta alcatéia
e vi que o pó de pirilinpinpin não dá liberdade ao ser humano
nem felicidade a uma criança

B.C.

Gaveta vazia

20:45 3 Comments

O poeta escreve e chora num papel de mentira
que guarda numa gaveta vazia
onde não se olha o tempo
e vivi-se o momento ...
Chora e escreve, poeta, a tua mentira no papel
e na gaveta vazia, coloca teu sentimento mais fiel
Tranque-a com chaves
E as dê a quem quiser abrir
Mas advirta que nunca encontrarão como deixaste
aquilo que escreveste sem mentir

B.C.

Frenesi

11:09 0 Comments

Passas nos verdejantes campos,
Alma formosa e serena
Teus cabelos embaraçados tocam teu busto suavemente
Na maioria das vezes, calado contento-me a admirar tamanha formosura
[que igualam-se as mais belas deusas cantadas pelos trovadores

No teu encanto, tenho sonhos inebriantes
Que só um cálido coração esperançoso pode alcançar

És morena, alva, ruiva, negra...

És a beleza de todas as mulheres reunidas

Em puro frenesi, ainda ouço teus passos pela escadaria que somente sobe
E cada vez mais, o som diminuto chega aos meus ouvidos
Até não mais escutar-te.
(B.C.)

"La liberté ça coute chère!"

17:55 1 Comments

Quem disse que não seria feliz sozinho?
Quem disse?!
Da liberdade faço meu caminho
da boemia meu acalento...
Em cada noite um perfume de paixão diferente,
enjoativo não mais que um crepúsculo.

Da auto-suficiência fiz minha filosofia,
dos amigos e familiares meus dois pilares,
dos pesos em minha cama, apenas distração,
do amor fiz ilusão.

Nos dias chuvosos procuro um abrigo
[nos seios de quem ainda espera,
da dicotomia entre amor e prazer, cometo o pecado sem culpa
No travesseiro faço meu único lugar de choro.

Quem disse que não seria feliz sozinho?
Quem disse?!
Da liberdade faço meu carinho
e das noites tristes minha solidão.

B.C.

Dúvida

12:39 1 Comments

Existe ouro dentro de ti,
também existe ouro dentro de mim...

Vais pegar a picareta?

(B.C)

Ícaro

06:57 2 Comments

Você invadiu o meu espaço
E tentou me conquistar
Mas logo freei teu instinto de homem macho
que faz de tudo para conseguir o que deseja
Lembrei-te que tudo que a gente quer, meu bem,
[nem sempre temos

Tentou saber meus segredos
E me escreveu versos
Desvendou meus mistérios
Mas não foi amor
Apenas vontade de voar

O homem deseja voar, mas não tem asas
Mesmo sabendo disso, me fiz iludir
Na esperança de ser tua única mulher
Pois em algum momento da vida a gente tem que persistir

Mas não sei quando foi que as asas que te dei
[fizeram-te enjoar
e tudo que queria nessa vida deixei pra lá

E agora buscas novas asas que te levem além
Por pura pretensão do homem
Que busca o que não pode lhe pertencer
Asas que não podes ter

Um dia ainda cairás do céu!
O que segura tuas asas é cera
E o que te fascina, irá te destruir!
( B.C)

Perdido na selva

21:36 4 Comments

Com certeza não sou daqui!
Queria ser que nem essa gente que ri das desgraças da vida,
que consegue ser feliz de uma forma distorcida
Talvez da minha verdade?

Com certeza não sou daqui!
Por que as pessoas escolhem o mais fácil em vez do certo?
Depois a consciência se esquece do endereço correto
e vai bater em outro lugar

Com certeza, não sou daqui!
Sou apenas um turista
passeando em um mundo de egoísta
Quem sabe um peixe de água doce, dentro do mar!?

Com certeza não sou daqui!
Desse reino onde a corte é suína,
a bebida é de fora
e o bobo da corte, na rua, pede esmola

Com certeza não sou daqui!
E ainda dizem que o homem é imagem de Deus, uno e trino.
Com essa blasfêmia me indigno!
Seria muito triste ter um Deus assim!
(B.C)

Fama de bom moço

20:42 1 Comments

Tem dó de mim, pois não nasci com grana
Mas tenho boa fama
De ser bom moço sempre assim

Tem dó de mim
por eu ser um tanto comum
De não me esforçar pra não ser mais um
Que te tenta parecer interessante

Tem dó de mim
por não ter o corpo atlético
Ser um tanto poético
Sem ter vergonha de se expressar

Quem sabe um dia te escrevo um poema?
E quando nossas máscaras caírem não haverá embaraço.
Mas juro, te levo um dia no cinema
E depois de vermos um filme sem graça
vou te roubar um sorriso

E agora procuro alguma forma de poder te falar
que á vida nos leva acreditar que o mundo é só nosso
Mas eu vivi o gosto da desilusão
Aprendi que no fundo do poço a uma razão
a amizade é mão que nos tira lá de dentro.

E me levantei, olhei para frente e vi você
uma nova chance que me fez de novo viver
aquilo que todo homem procura

Tem dó de mim e deixa eu me aproximar sem ser evasivo
Pois desta forma, eu te digo:
Vou te fazer muito feliz!

B.C.

Em tempos de eleição

00:38 1 Comments

Peça brasileira

O dramaturgo sobe ao palco onde a platéia ansiosa o aguardava,
suas falas em sua mente já gravará.
Ao abrir as cortinas tão logo houve inspiração
e suas primeiras palavras foram ouvidas com atenção:
- Povo brasileiro se for eleito...

Em um vão momento derramou-se em prantos,
por essa vida tantas vezes dúbia,
onde se vive os desencantos
e se espera o melhor da dramaturgia

A platéia emocionou-se com tamanha eloqüência
Quando o dramaturgo chegou ao ápice de sua malevolência:
-Em meu governo não haverá corrupção, nem violência!

No teatro de nome Vida, onde acontecia o ocorrido,
quase todos aplaudiam a estrela da noite, hora comprometido.
Era fato que todos queriam sair da caverna,
mas muitos vendiam sombras

O dramaturgo agradeceu os aplausos a sua peça teatral,
que escreveu com tamanha fé
e alguns tomates viu voar,
entretanto a maioria celebrava a peça de pé;
e no palco alguém tomava o vinho mais caro e comia o melhor caviar.

O pão e vinho foram servidos,
e para maioria essa era a melhor parte.
A peça prosseguiu e a consciência no palco havia se perdido.
Agora era arte pela arte

A peça por muito tempo se prossegue,
pois a cortina só irá fechar,
quando o barulho dos aplausos que segue
for trocado pelas vaias a ecoar.
(Breno Castro)

Para um amigo distante.

00:27 1 Comments

Meia lua[Para Dom Betão]
Hei você ai da meia lua,
faz um som maneiro ai !
Pois hoje estou meio triste,
mas a fim de me divertir!
Quero ouvir uma boa música
e fazer aquele som
Hei você ai da meia lua,
Toca um som maneiro
Me acompanha nessa poesia!
Hoje eu quero cair na boemia
e dançar em cima de um braseiro
Hei você ai da meia lua,
me faz essa companhia
Hoje é dia de folia
E me falta um amigo
Pra tomar aquela cana,
falar de Quintana
ou de Chico.
Hei você ai da meia lua,
vamos começar!
Você vai ai no samba
E eu aqui no meu carimbó
até a minha saudade passar.
B.C.