Apué

09:32 3 Comments

Apoena era caçador, destemido, da tribo dos Quibaanas.
A todos os animais havia caçado e comido,
tinha o dom de saber esperar.

Logo quando criança, aprendeu a lição do pajé da aldeia:
-Na vida sempre se espera o momento certo,
mas o dom da espera é virtude que não se assenhoreia.

Apoena, um dia, saiu a caçar
e na mata encontrou uma grande onça pintada.
Sua beleza deixou-o ansioso,
pulou no animal agarrando seu pescoço.
A onça atacou-o arrancando seu coração com uma patada!

E o índio destemido e caçador, segundos antes de falecer,
encontrou seu momento errado,
olhou nos olhos da onça sem temer,
eles diziam algo que escutara no passado...

Rudá, o deus do amor, às vezes aparecia
[na forma de uma grande onça pintada
e quem não esperava o momento certo,
perecia nos braços dessa fera desalmada.

( Breno Castro)

“Terra do nunca”

16:32 2 Comments

Quando criança queria ser Peter Pan
Voar pelas estrelas
Viajar até a terra do nunca
Ser livre
Mas logo cresci nesta alcatéia
e vi que o pó de pirilinpinpin não dá liberdade ao ser humano
nem felicidade a uma criança

B.C.

Gaveta vazia

20:45 3 Comments

O poeta escreve e chora num papel de mentira
que guarda numa gaveta vazia
onde não se olha o tempo
e vivi-se o momento ...
Chora e escreve, poeta, a tua mentira no papel
e na gaveta vazia, coloca teu sentimento mais fiel
Tranque-a com chaves
E as dê a quem quiser abrir
Mas advirta que nunca encontrarão como deixaste
aquilo que escreveste sem mentir

B.C.

Frenesi

11:09 0 Comments

Passas nos verdejantes campos,
Alma formosa e serena
Teus cabelos embaraçados tocam teu busto suavemente
Na maioria das vezes, calado contento-me a admirar tamanha formosura
[que igualam-se as mais belas deusas cantadas pelos trovadores

No teu encanto, tenho sonhos inebriantes
Que só um cálido coração esperançoso pode alcançar

És morena, alva, ruiva, negra...

És a beleza de todas as mulheres reunidas

Em puro frenesi, ainda ouço teus passos pela escadaria que somente sobe
E cada vez mais, o som diminuto chega aos meus ouvidos
Até não mais escutar-te.
(B.C.)

"La liberté ça coute chère!"

17:55 1 Comments

Quem disse que não seria feliz sozinho?
Quem disse?!
Da liberdade faço meu caminho
da boemia meu acalento...
Em cada noite um perfume de paixão diferente,
enjoativo não mais que um crepúsculo.

Da auto-suficiência fiz minha filosofia,
dos amigos e familiares meus dois pilares,
dos pesos em minha cama, apenas distração,
do amor fiz ilusão.

Nos dias chuvosos procuro um abrigo
[nos seios de quem ainda espera,
da dicotomia entre amor e prazer, cometo o pecado sem culpa
No travesseiro faço meu único lugar de choro.

Quem disse que não seria feliz sozinho?
Quem disse?!
Da liberdade faço meu carinho
e das noites tristes minha solidão.

B.C.